AWSINOS – Mundo digital virtual em 3D – MDV3D

//AWSINOS – Mundo digital virtual em 3D – MDV3D

Paralelamente ao desenvolvimento das pesquisas com o AVA-UNISINOS, com a evolução da Internet, começaram a surgir as tecnologias de Metaverso, que possibilitam a construção de mundos digitais virtuais em 3 dimensões – MDV3D, onde os sujeitos interagem por meio de uma representação gráfica em 3D – o avatar. Assim, em 1999, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS, por meio de um projeto de pesquisa intitulado “Construção de mundos virtuais para a capacitação a distância”, coordenado pela Professora Dra.  Eliane Schlemmer  e enviado à empresa Activeworlds, Inc,  ganhou uma “Galaxia” no Metaverso Eduverse (versão educacional do software Active Worlds), e assim iniciou o desenvolvimento do MDV3D AWSINOS. No AWSINOS, os sujeitos são autores, convocados a experimentar o processo de aprendizagem em ação, na construção do conhecimento de forma colaborativa e cooperativa, onde a autonomia é o pano de fundo que movimenta a construção do mundo. Ao entrar no AWSINOS, o sujeito visualiza uma representação gráfica do Grupo de Pesquisa e uma Central de Teleportes que dá acesso a uma Praça Central e também a diferentes “vilas”  criadas no AWSINOS, conforme figuras a seguir:

No AWSINOS vários projetos foram desenvolvidos, tanto no contexto da graduação, quanto da pós-graduação, como da educação continuada, envolvendo bairros e vilas de jogos digitais, clube de idiomas, dentre outros.

Posteriormente, com a criação do Grupo de Pesquisa Educação Digital – GPe-dU UNISINOS/CNPq[1], no ano de 2004, a pesquisa na área foi potencializada, dando origem a novos processos investigativos, tais como: “A Formação do educador na interação com o AVA em mundo virtuais: percepções e representações”. Com essa pesquisa deu-se início o processo de integração de três Tecnologias Digitais, uma que possibilitava uma interação predominantemente textual – o AVA-UNISINOS, outra que possibilitava uma interação com um Agente Comunicativo, no caso a Mariá e, outra ainda, que possibilitava uma interação além de textual, gráfica e também gestual, num ambiente modelado em 3D – o AWSINOS – construído no Eduverse.  Dessa pesquisa originou-se a Tecnologia-conceito ECODI – Espaço de Convivência Digital Virtual, apresentado no Simpósio Brasileiro de Informática na Educação – SBIE, em 2006.

[1] http://www.unisinos.br/pesquisa/educacao-digital

Ainda vinculada a essa pesquisa Backes (2007) desenvolveu a dissertação de mestrado em Educação “Mundos Virtuais na Formação do Educador: uma investigação sobre os processos de autonomia e de autoria”. Essa pesquisa consistiu no estudo teórico embasado, principalmente, na Teoria da Biologia do Conhecer, da autoria de Maturana e Varela, articulada a um viver e conviver de educadores em formação no MDV3D. Então, foram desenvolvidas duas Atividades Complementares: Aprendizagem em Mundos Virtuais e Prática Pedagógica em Mundos Virtuais, para estudantes dos diferentes cursos de Licenciatura da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS e construída a Vila Aprendizagem em Mundos Virtuais.

O foco principal da investigação foi: estudar como se desenvolve a autonomia e a autoria no processo de formação do educador, por meio da construção de Mundos Virtuais, cuja proposta pedagógica está fundamentada numa concepção interacionista/construtivista sistêmica. As evidências resultantes desta investigação mostram que as construções de representação gráficas do conhecimento, num Mundo Virtual, ampliam a autonomia e desenvolvem o processo de autoria no educador em formação. As TD e a proposta da prática pedagógica precisam estar em sintonia com a concepção epistemológica que sustenta o processo formativo do educador, que dará seus contornos somente no viver/conviver dos educadores em formação. O Mundo Virtual é uma possibilidade de configuração do espaço digital virtual de convivência.

Em continuidade as pesquisas, Backes (2011) desenvolveu a tese de doutorado em Educação e em Sciences de l’education intitulada “A Configuração do Espaço de Convivência Digital Virtual: A cultura emergente no processo de formação do educador”. O objeto da investigação consistiu no estudo da cultura que emerge nos espaços digitais virtuais em processos de formação do educador. As reflexões abordadas intencionaram compreender como se constitui a convivência de natureza digital virtual, identificar os aspectos dessa convivência que podem contribuir para construir uma “nova cultura” e apreender os elementos do processo formativo e da prática pedagógica que implicam na cultura emergente nos espaços digitais virtuais. A compreensão dessa problemática é construída a partir de uma fundamentação teórica, que inclui: a “Biologia do Conhecer”, de Maturana e Varela; a “Biologia do Amor”, de Maturana; e a “Biologia-Cultural”, de Maturana e Yáñez. Esta fundamentação é complementada por teóricos contemporâneos que abordam questões referentes à tecnologia digital virtual, sobretudo a de mundos digitais virtuais em 3D (MDV3D), e processos de ensinar e aprender em espaços de natureza digital virtual. A empiria resulta do desenvolvimento de processos formativos, em espaços configurados pelo hibridismo tecnológico digital, no contexto Brasil e França, a fim de estabelecer o diálogo entre as teorias e o viver e conviver de estudantes desses dois países.

A análise dos dados possibilitou identificar, nos processos de interação, acoplamentos estruturais de três ordens: acoplamento estrutural, acoplamento estrutural tecnológico e acoplamento estrutural de natureza digital virtual. Também é possível identificar a dialeticidade entre a configuração do espaço digital virtual de convivência (por meio da autonomia, autoria e congruência TDV) e a convivência de natureza digital virtual (no emocionar, por meio da perturbação e recursão), para a construção da cultura emergente (no respeito mútuo, legitimidade do outro e com elementos da cultura na educação) dos estudantes em processo formativo. Considerando-se o aspecto dialético na construção da cultura emergente, concluímos que o processo formativo precisa se efetivar em práticas pedagógicas que contemplem a problematização e a contextualização dos conhecimentos por meio de relações dialógicas, onde todos são coensinantes e coaprendentes. Nesse processo formativo, os seres humanos, e-habitantes, são conscientes de suas ações e autores de suas escolhas.

O processo de aproximação dos sujeitos com o AWSINOS nos remete a discussão de alguns aspectos surgidos durante a pesquisa, a saber: sensações experimentadas ao interagir num MDV3D; as relações estabelecidas nessa interação; aprendizagens propiciadas na construção do mundo; habilidades e competências necessárias para interagir e utilizar MDV3D nas práticas didático-pedagógicas.

Na construção do AWSINOS, percebemos que por meio da participação ativa, os sujeitos vivenciam o processo de aprendizagem (vivem experiências), realizam trocas e também experimentam a telepresença e a presença digital virtual, via avatar, permitindo atuarem e cooperarem, construindo subsídios teóricos e técnicos para compreender como essa tecnologia pode ser usada em diferentes contextos. A construção acontece de forma lúdica, pode ser uma aventura, uma brincadeira, um “faz-de-conta”, no qual adultos constroem aprendizagens ao “virtualizar” um mundo com suas intenções e implicações, construindo e reconstruindo saberes, interagindo e cooperando.

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2019-10-31T18:57:59-03:00