A caverna de Platão foi idealizada por Luciana Backes e construída por Carine Barcellos Duarte (arquiteta), com o intuito de promover a reflexão sobre a Alegoria da Caverna e instaurar a metáfora, para a construção da Vila de Aprendizagem em Mundos Virtuais. A atividade foi desenvolvida com os estudantes dos cursos de licenciatura e Pedagogia da UNISINOS, no primeiro dia de aula da Atividade Complementar: Aprendizagem em Mundos Virtuais (2005/02).A Alegoria da Caverna foi reescrita por Gaarder (1995), sob o título Deixando para trás as Trevas da Caverna:“Platão nos conta uma parábola que ilustra bem essa reflexão.
Nós a conhecemos por alegoria da caverna. Vou contá-la com minhas próprias palavras.Imaginem um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas nos pescoços e nos pés, de sorte que tudo que vêem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam sombras bruxulentas na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna podem ver é esse “teatro de sombras”. E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas acham que a sombra que vêem é a única coisa que existe.Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão.
Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quando ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão intensa que ele não consegue enxergar nada. Depois, a precisão dos contornos das figuras de que ele até então só vira as sombras ofusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sair da caverna, terá mais ainda dificuldade para enxergar devido à abundância da luz. Mas depois de esfregar os olhos, ele verá como tudo é bonito.
Pela primeira vez verá cores e contornos precisos; verá animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passam de imitações baratas. Supúnhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flores. Ele vê o sol brilhando no céu e entende que o sal dá vida às flores e os animais da natureza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refletidas na parede.Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que continuavam lá dentro da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam de trêmulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a parede da caverna e dizem que aquilo que vêem é tudo que existe. Por fim, acabam matando-o.”GAARDER, J. O Mundo de Sofia: Romance da história da filosofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. (104 – 105)